sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Conjuntura - a semana entre estabilização e recuperação ... e o papel deletério de sempre da imprensa

    Esta semana a louca cavalgada dos institutos de pesquisa trouxe um quadro pouco modificado, com pouca diferenciação mas indicando pequenas mudanças importantes.  No segundo turno Dilma e Marina empatam na margem, Aécio estancou a queda paralisado em 15% e, a julgar particularmente pelo IBOPE e o VOX, Dilma recuperou algo do terreno perdido e Marina estabilizou. Passada a dramatização relativa à trágica morte de Eduardo Campos, as idas e vindas e um confuso programa de governo e as metralhadoras midiáticas de Dilma (e Aécio) contra,  a candidata " socialista" parece ter encontrado um ponto onde não é ameaçada pelo PSDB mas também não distancia-se de Dilma. Os demais tornaram-se coadjuvantes sem expressão, pelo menos neste momento. 
    Ao início, tudo parecia caminhar para um plácido segundo turno que, ao meu juízo, terminaria com a vitória de Dilma contra o candidato Aécio. Mas tudo mudou: Marina quase certamente garantiu sua presença no segundo turno e a canalização anti-PT vai desaguar em seus braços. Daí não se segue que Marina vencerá, porque o jogo continua e, se Dilma recuperar mais pontos em duas semanas, ela entrará mais forte para a disputa do segundo round. 
    E o eleitor? Como ele reage às bombas midiáticas - e, para variar, dramaticamente falsificadas no semanário da família Civita? Com a placidez habitual de quem se acostumou a ataques diários, repetitivos e sem provas e algo que a revista precisa entender: ela fala para seus leitores raivosos e para a repercussão na mídia televisiva, o que não é garantia de credibilidade. Assim, não é ali que Dilma encontrará seu Rubicão. Por outro lado, a campanha de Dilma passou a bombardear Marina sobre a questão do Pré-Sal e sobre dar poder aos bancos, obtendo êxito em explicar em linguagem direta sua posição e colocando a candidata da Rede/PSB na defensiva. O resto é o resto: campanha pouco interessante, esquentando em alguns estados para governador mas ainda carecendo de situações significativas de mobilização. Militância remunerada no PSDB, falta completa de material de Marina Silva, parco material de Dilma. Isso significa que os recursos deverão ser desovados a partir de semana que vem, em uma ofensiva de curto prazo. Neste domingo, restarão três semanas para o pleito.
  Alguém poderia ganhar no primeiro turno? Não, muito improvável. Marina teria que ter permanecido crescendo e Dilma perdendo abaixo de 30%. Isso simplesmente não é compatível com os resultados do PT. Para Dilma, seria Aécio permanecer estacionado, Marina perder terreno e Dilma crescer sobre ela. Qualquer desses cenários é improvável. 
    Talvez Marina tenha se iludido sobre sua mensagem vazia relativa a uma "nova politica", pois a realidade a desmente todos os minutos. Não parece ter despertado corações e mentes dos bancos e grandes empresários com sua mensagem de austeridade. Por falar nisso, como ela acredita ser possível conciliar seu discurso "social" com "austeridade"? Melhor deixar para lá, ou o programa de governo muda de novo.
    O candidato do PSDB pareceu um tanto perdido esta semana. Começou repercutindo a revista dos Civita como "mensalão 2". O texto parecia já pré-escrito para ele. Como parece ser um tiro no ar, pode ter perdido uma semana de campanha. Estacionado e com freio de mão puxado. 
    Tudo segue indefinido, ainda que em um cenário Dilma x Marina. 
    Existem "analistas" considerando o seguinte: Marina vai vencer. Por que? Basta olhar o eleitor de Aécio (o anti-PT típico) que estará junto a Marina. Ok, desde que Dilma não cresça antes do fim do primeiro turno para algo maior que 40%. E há outras variáveis: por exemplo: parcelas do empresariado estão prontas para o governo Marina sem saber corretamente o que será? Há firmeza no eleitor de oposição tão grande assim? Recomenda-se calma aos apressados.
   Uma nota sobre a bolsa e o terrorismo econômico e político. Bastou Marina estabilizar e Dilma voltar a se recuperar minimamente para o cenário "catastrófico" retornar. A Capa de economia do UOL/Folha e a capa principal às 20:50 estão abaixo. É ou não e fantástico? É ou não é um jornalismo responsável? Pois é, Dilma. Não enfrentou como deveria ter enfrentado, aceitou sempre os termos deles. Agora precisa enfrentá-los. De novo!
    Seguem as belas manchetes - reparem os termos: um "tomba", outro "salta" e Dilma, que cresceu no geral, para o datafolha "recua" no reduto "lulo-petista". Tem hora que bate um cansaço ... .

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