sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Avaliando o Primeiro Turno e Pensando no Segundo - Faltam 16 dias

       Ao fim de agosto, quando a candidata Marina crescera nas pesquisas, escrevi aqui mesmo nesse espaço: Por hora Marina é um pastel de vento que está inflando ... será que fura??? . Pois é, como todos já sabem hoje, 5 dias após o primeiro turno, furou ... . Em seu lugar ressurgiu o velho adversário - o PSDB e seu prócere, nesse caso, Aécio Neves. O fim do primeiro turno revelou uma Dilma Roussef com respeitáveis 43% dos votos e Marina perto dos esperados 22%; a surpresa foram, para os institutos de pesquisa e muitos de nós, os 33% de Neves. 
      Que aconteceu no domingo,  dia 5? Marina dá entrevista fazendo um balanço de o eleitorado votou 60 x 40 por "mudança". Calma Marina, a soma de seus votos e de Aécio são 54 e Dilma tem 43%. Os demais, tirando Genro, foram menos de 1%. Na verdade o cenário retomou algo que já conhecemos: a velha polarização voltou e Marina obteve quase o mesmo que há 4 anos, passou de 20% para algo perto de 21,5%. Portanto, sua atuação na campanha foi conseguir uma sangria de uns 10 pontos desde o enterro -comício, algo que Eduardo Campos não merecia. Aécio tem o que comemorar: cresceu muito - destaque para uma vitória na província que se tornou a mais conservadora do país, a gloriosa SP, e recuperando pontos em Minas, mesmo perdendo aqui para Dilma. Venceu no Paraná - o segundo maior estado oposicionista a Dilma - e em Santa Catarina, perdendo por pouco no Rio Grande do Sul. Nos demais estados, pouca surpresa. A expansão de Aécio em SP, em relação ao conjunto das pesquisas, mostra 44% para ele e 26 para Dilma. Como o eleitorado paulista é bastante grande e ele recuperou pontos no sul Dilma terá muito trabalho. Se compararmos a vitória grandiosa no norte/nordeste pear Dilma, uma divisão no centro-oeste ligeiramente pró-Aécio com Dilma vencendo também no Rio, teremos um segundo turno muito, mas muito disputado. Minas ainda é um campo importante para os dois, SP precisará ser mais conquistado por Dilma e ela precisará bastante do Rio Grande do Sul. A diferença deverá vir , particularmente, dos eleitores de Marina. Ela, pessoalmente, prefere Aécio, mas agora o PSB também tem voz. Podemos ter um apoio discreto dela e eleitores buscando um discurso. Alguns apostam, mas é um puro palpite, em 60% deles para Aecin e 40% para Dilma. A ver. Eu não faço esta aposta porque as peças não estão todas no tabuleiro. Se fosse assim, Dilma venceria. E Aécio não perde em Minas porque escolheu o candidato errado, como li outro dia de um "especialista" até respeitável: ele perdeu aqui porque o projeto dos tucanos para Minas acabou, fracassando em educação, saúde, segurança e sem resultados econômicos fortes, incluindo uma dívida ampliada. 
      Alguma observações sobre Minas: Considerando 10 as maiores cidades, Aécio venceu em três (BH, Contagem e Pouso Alegre) e empata em uma (Valadares). Grande vitória só mesmo em BH, com o dobro de Dilma. Em Valadares há problemas com o governo local do PT. Agora, Juiz de Fora (44,4% x 28%), Uberlandia (44 x 33), Uberaba (44 x 33), Betim (44 x 32), Montes Claros (52 a 30) mostram outro dado, pró-Dilma. A votação de Aécio está em 17,48% apenas em BH. Dilma vence pelo interior.
Pensando em indicadores, sobre saúde, a média não é diferente da nacional. Mas é preciso descer mais aos dados. Os tucanos começaram, há quase doze anos, oito hospitais regionais de porte maior - não entregaram nenhum e nem inovaram em nenhum sistema de atendimento. Há consórcios de saúde em Minas que funcionam de forma diversificada, alguns mais outros menos. Há problemas com SAMU em vária cidades. O estado esteve de costas ao governo federal muito tempo. Sobre educação, trata-se de IDEB de séries do fundamental que eles alegam. Vocês conhecem a questão do IDEB - divulga-se o ranking e ele se presta a "interpretações". Se ele é terrível e sobe - progresso; do contrário ele estaciona. Minas evolui lentamente no IDEB como a maioria dos estados e os indicadores não são espetaculares. É a velha pergunta: melhor em relação a que? À meta? Aos demais estados? Precismaos levantar mais dados. o resultado confirma que a diversidade do estado - e das regiões - mostra Dilma mais forte no interior e em cidades regionalmente importantes. Aquelas do nosso projeto, Juiz de fora, Uberlândia e Montes Claros, mostram Dilma bastante forte. Ela também vence bem em Betim. Mas perde forte em BH.

     No geral o país se dividiu, indicando uma reordenação que o segundo turno pode novamente reconfigurar. Mas agora não tem aquela história chata de que será outra eleição, nova: NÃO É, os adversários tem partidas diferentes e as histórias que trazem. Novo é o posicionamento de eleitorados outros. As primeiras pesquisas do segundo turno mostram o salto de Aécio para a frente - IBOPE e Datafolha indicam situação de empate. Bom para o Aecin, mas para Dilma a notícia não é tão ruim. O pais já estava dividido. É hora de conquistar um pouca mais da metade e retornar o PSDB à sua condição de coadjuvante menor na política nacional.  Hora, de novo, da política, da desconstrução de um candidato vazio ligado na máquina do tempo em direção ao passado. Faltam 15,5 dias para a eleição. Digamos que, em 7 dias, o quadro pode ter outro perfil. Até lá vamos com aquela calma de quem tem certeza do lado certo e aquela força de quem não pode admitir recuo nos avanços do país.

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